domingo, 8 de agosto de 2010

“Temos que aproveitar”

Lateral bosco diz que bom momento do Papão na Série C deve alavancar o time para o acesso à Segundona

Na quarta-feira, durante a sondagem do Paysandu sobre o veterano centroavante Mendes, do Bahia-BA, o técnico do tricolor, Renato Gaúcho, teria pedido informações ao do Papão, Charles Guerreiro, sobre o lateral direito Bosco. O motivo do assédio foram as duas boas atuações que o jogador teve nas duas primeiras rodadas da Série C do Campeonato Brasileiro. Contra o Rio Branco-AC ele deu duas assistências a gol; contra o Águia marcou duas vezes.

Aos 29 anos, o jogador é o único do atual time titular que foi contratado depois do Campeonato Paraense. Todos os demais reforços ainda lutam para ter uma chance. Depois de um primeiro tempo pra lá de discreto na estreia, contra o Estrelão, ele se soltou mais e apareceu mais para o time.

Segundo ele, o interesse de outros times, se é que ele realmente aconteceu, é natural. Mas garante que pensa somente em permanecer na Curuzu e lutar pela volta do Papão a Série B. Ele lembra que já está na capital paraense há quase dois meses e a família tem se adaptando bem à cidade, o que é mais um fator que o faz permanecer.

Desde que chegou ao Paysandu ele vem ressaltando que encontrou um elenco coeso e com um objetivo bem claro pela frente, que é o acesso à segunda divisão. Segundo Bosco, essa união e a confiança irrestrita ao comandante são os pontos altos do time e podem ser fundamentais para que o Papão consiga chegar entre os quatro da competição nacional.

A relação harmoniosa com a sempre exigente torcida bicolor também foi lembrada por ele. Mas Bosco ressaltou que essa serenidade é reflexo do bom andamento do time em campo e que tropeços podem mudá-la. Na sexta-feira, antes do conturbado embarque à capital cearense para o jogo com o Fortaleza-CE, ontem à tarde, o lateral deu a seguinte entrevista.

Como você encarou esse suposto interesse do Bahia em sua contratação?
 Não sei nem se é verdade, mas não esperava não. É muito cedo. Mas é isso que acontece quando um time começa um campeonato muito bem, chama a atenção. Isso é normal. Mas o importante é que cada um que esteja aqui pense primeiramente em subir para a Série B e depois pense em ir embora. Meu desejo é ficar. Não quero sair, não. Minha família está muito bem aqui em Belém e sair agora não seria uma boa.

Muito se fala dessa união do grupo bicolor. O quanto ela é verdadeira e influencia no time?
Existe essa camaradagem, e isso me chamou muita atenção quando cheguei, a amizade que existe dentro do grupo. Mesmo assim, mesmo com essa amizade, todo mundo se cobra dentro de campo, briga mesmo. Quando acaba o jogo, quando acaba o treino todo mundo está bem, conversando.

E a relação com o técnico Charles Guerreiro?
É uma relação de confiança, uma relação de jogador para técnico que nunca vi e nunca tive em minha carreira. É um cara que escuta muito a todos e gosta disso. Ele dá liberdade para que todos se expressem, é companheiro e briga pelos nossos direitos. É um cara com muito caráter e amigo de todos.

Tanto Charles quanto o auxiliar Lecheva são jovens e ex-jogadores. Isso facilita a relação com o elenco?
Acredito que por terem vivido as mesmas coisas que a gente, as dificuldades e as coisas boas, conhecem muito bem esse meio. Acho que por isso, por conhecerem bastante o futebol, esse sucesso está aparecendo.

O Paysandu consegue poucos pontos fora de casa. Isso é algo que incomoda os jogadores?
Não estamos tão preocupados com isso. Não levamos isso para dentro de campo para não criar uma ansiedade. Jogamos de acordo com o que está acontecendo nesse campeonato. Temos que ter paciência porque ainda faltam muitos jogos, mas jogamos sempre para vencer, dentro ou fora.

A torcida parece estar numa lua-de-mel com o elenco, não?
A relação é tranquila por causa desses primeiros resultados. Se fosse o contrário as coisas seriam mais difíceis. O torcedor precisa desse acesso e o Paysandu também. No mínimo a Série B e a torcida vê nosso trabalho e nós apóia. Temos que aproveitar esse momento. No dia a dia com os torcedores, seja no campo ou nas ruas, eles cobram esse retorno por causa do tempo que o time está na Série C. Há uma ansiedade depois de quatro anos, que já está incomodado. Fico feliz com essa confiança e por estar nesse grupo, mas não adianta nada se não traduzirmos isso em resultado.

O grupo em si parece estar muito focado nessa campanha que pode resultar no retorno à segunda divisão.
Antes de começar o trabalho para a Série C eu sentia isso. Todo mundo só conversava sobre o Campeonato Brasileiro. Estamos muito focados nesse acesso, tanto que eu cheguei aqui poucos dias depois que o time tinha sido campeão estadual e ninguém mais comentava isso. Não havia empolgação e todos os comentários eram sobre a Série C. Um elenco tem que ter uma mescla, com meninos que levantam fumaça e os mais experientes que colocam as coisas nos eixos nas partidas. Isso é muito importante para uma equipe que quer vencer.


Texto: Amazônia Jornal