terça-feira, 20 de julho de 2010

Até o Peñarol veio aqui pra padecer.

Completaram-se ontem 45 anos de uma das maiores vitórias de um clube paraense sobre um adversário internacional: o histórico 3x0 do Paysandu sobre o uruguaio Peñarol, na época um dos grandes do mundo, base da seleção do Uruguai, já bicampeã mundial! Foi em 18/07/1965, também domingo. O Peñarol estava há 15 partidas sem sofrer derrota.

Ao final do jogo algo inusitado, principalmente naqueles tempos, foi registrado por atento fotógrafo da revista Mensagem, muito provavelmente Porfírio da Rocha, o grande Popó, que habitualmente cobria futebol:

Veja só, o técnico Roque Máspoli, do Peñarol, abraça e troca um beijo com o técnico do Paysandu, o quase lendário Juan Antonio Alvarez, também uruguaio. A legenda da foto expressa a surpresa do redator: “trocaram um significativo beijo, gesto de fraternidade entre os estrangeiros, que para nós causa até hilaridade.” Hoje isso é muito mais comum entre os futebolistas, como vimos na recente Copa do Mundo – pra não falar das comemorações dos gols... Máspoli, jogador antes de treinar seu time, fora o goleiro no fatídico 1x0 sobre o Brasil, em 1950, que deu o título mundial aos uruguaios. O Pará vingava a nação!

Segundo a revista, “Juan Alvarez, quando técnico do Corrientes, no Uruguai, nunca obteve uma vitória sobre o Peñarol”...

O valoroso onze bicolor que aplicou esse chocolate de bacuri no Peñarol pode ser visto na foto abaixo, que fui buscar no livro “A Enciclopédia do Futebol Paraense”, do jornalista e pesquisador da história de nosso futebol, Ferreira da Costa. A esquadra estava assim constituída: Beto, Oliveira, Jota Alves, Abel, Castilho, Carlinhos, Quarentinha, Pau Preto, Edson Piola, Milton Dias, Ércio.

O time do Peñarol tinha o seguinte elenco: Mazurkiewicz, Forlán, Lescano, Varela, Caetano Davila, Pedro Rocha, Abadie (Flores), Silva, Spencer (Resnick) e Joya. Esse Forlán aí, é o pai do atual astro!

O Peñarol vivia uma fase de grande sucesso, tanto que neste ano foi vice da Libertadores, que venceu no ano seguinte (1966), quando também foi campeão mundial. Os gols paraenses foram de Ércio, Milton Dias e do Pau Preto.

O grande cronista Nelson Rodrigues escreveu em O Globo, conforme inúmeros registros: “O Peñarol saiu de lá com as orelhas a meio pau. Três a zero! Um banho completo!"

O feito foi tão extraordinário que motivou a famosa marchinha de Francisco Pires Cavalcanti e Clodomir Colino, que praticamente virou um hino do Paysandu e emociona qualquer bicolor:

"Uma listra branca, outra listra azul / Essas são as cores do Papão da Curuzu / O nosso time joga pra valer / Até o Peñarol veio aqui pra padecer." (Pra ouvir, clique aqui, que a versão tem colagens das vinhetas da Rádio Clube e até a voz do querido Ventinho!)

Esta é, sem dúvida, uma semana extraordinária para o torcedor bicolor, como disse ontem o radialista Guilherme Guerreiro, no programa “Bola na Torre” (TV RBA). Sábado a goleada de 6x2 sobre o Rio Branco na abertura do Campeonato Nacional Série, domingo o recuerdo dos 3x0 no Peñarol e, na quinta, os festejos dos 7x0 sobre seu mais tradicional adversário regional.

Escrito por Fernando Jares às 15h27